A Petrobras tem feito um esforço em suas refinarias para aumentar a produção de diesel, cuja importação é uma das principais causas da balança comercial negativa da companhia nos últimos meses, pesando nas contas do governo brasileiro.
Segundo o diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, esse esforço junto ao aumento do uso de biodiesel a partir de julho e à queda do preço do petróleo vão garantir saldo positivo na balança comercial da companhia este ano.
"Estamos trabalhando muito para produzir diesel, todas as refinarias estão programadas para aumentar essa produção", disse o diretor, destacando ainda a entrada recente em operação da unidade de coque da refinaria Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, com mais 12 mil barris diários de diesel.
Importando em média entre 50 mil e 70 mil barris diários de diesel, "dependendo do mês do ano", a Petrobras poderá elevar as compras externas para cumprir a decisão do Conselho Nacional do Meio Ambiente, que determinou que a partir de janeiro de 2009 a empresa tenha diesel com menor emissão de enxofre do que o atual por partículas por milhão (ppm). A empresa vende diesel com 2.000 ppm e o Conama exige 50 ppm.
Costa informou que a empresa está investindo US$ 8,5 bilhões na melhoria da qualidade da gasolina e do diesel produzidos em suas 11 refinarias, visando principalmente a exportação de gasolina, e fez uma proposta ao Conama de reduzir as emissões para 1.800 ppm a partir de 2009.
"Se verificarmos que 70% do diesel é 2.000 ppm e colocarmos isso em valor a redução vai ser grande," defende Costa, alegando que nem existem motores adequados para receber o combustível mais limpo que está sendo exigido pelo governo.
Para cumprir a decisão do Conama, de acordo com Costa, a Petrobras vai fornecer diesel de 50ppm importado para as frotas de ônibus do Rio de Janeiro e São Paulo. "E olhando outras capitais em termos de logística", disse sem dar detalhes.
"A Petrobras vai colocar o diesel 50 ppm, mas como não existem esse motores e não vão existir tão cedo..."
Costa explicou que para usar o diesel mais limpo os motores tem que ser adaptados para receber um tanque de uréia, matéria-prima fundamental para redução das emissões. Segundo o diretor, os postos também terão que ter um tanque distinto para o diesel 50 ppm, que não poderá usar nem dutos nem caminhões do similar nacional mais poluente.
"Existe um grupo formado por Petrobras e Sindicom (Sindicato das Distribuidoras de Combustíveis) que está estudando se vamos produzir aqui essa uréia ou será importada, e não podemos esquecer que temos 37 mil postos no Brasil que terão que se adequar à uréia", disse Costa, lembrando que o produto também é usada como fertilizante.
Segundo Costa, para cada 400 l de diesel consumido terá que haver 20 l de uréia.
Para Costa, o Brasil deveria pular a etapa de introduzir motores Euro 4 - menos poluentes e que será usado na Europa, que hoje usa o Euro 3 -, para o modelo Euro 5, que será implantado no continente europeu em 2010.
"Foi feita uma proposta ao ministério do meio ambiente para colocar Euro 5 a partir de 2012 no Brasil, e não 2016 como estava previsto", informou.